'Dia Roxo' de divulgação e combate ao preconceito é realizado nesta quinta.
Neurologistas explicam o que é doença e como agir diante de uma crise.
Quem convive com epilepsia se vê obrigado a enfrentar, além dos sintomas da doença, o preconceito da sociedade. Segundo a publicitária Liana Toscano, de 28 anos, algumas pessoas têm medo de se aproximar durante as crises pois acham que é contagioso.
"Mas não é", garantiu a jovem. Nesta quinta-feira (26), pessoas que convivem com epilepsia realizam em todo o mundo uma ação com o objetivo de divulgar informações e combater o preconceito com a doença. O ‘Dia Roxo’, como é chamada a ação, surgiu em 2008, no Canadá, e é realizado no Brasil desde 2011.
A escolha do roxo remete à lavanda, a cor internacional da epilepsia, dado ao fato que a flor lavanda remete a um sentimento de isolamento e solidão, frequentemente vivenciado pelas pessoas com epilepsia. Em João Pessoa, uma ação de divulgação está programada para acontecer às 19h, no Busto de Tamandaré.
“O preconceito ainda é grande", lamentou Liana. Ela sofre crises de epilepsia desde criança, mas só foi diagnosticada com a doença há quatro anos. “Passei por diversos profissionais que não conseguiram identificar o que causava as crises. Só aos 24 anos é que um neurologista detectou que eu tinha epilepsia”, comentou.
Segundo a publicitária, a maior parte das pessoas que têm preconceito são as que confundem a doença, que é neurológica, como sendo algo psicológico. “Muita gente não conhece a doença e acha que é coisa de pessoas com problemas mentais e até mesmo que é contagioso. Por isso é importante divulgarmos informações sobre a epilepsia, para que as pessoas conheçam sobre a doença e saibam como ajudar num momento de crise”, comenta.
Liana conta que antes de ser diagnosticada e realizar o tratamento adequado, chegava a tomar cerca de 13 comprimidos por dia e não controlava as crises. “Teve uma vez que tive nove crises no mesmo dia. Depois do diagnóstico, passei a tomar apenas quatro comprimidos e as crises foram reduzindo ao ponto que passei cinco meses sem nenhuma”, explicou.
A jovem também explica que o controle das crises e da doença é mais fácil com o apoio de familiares e amigos. “Este apoio é muito importante pra mim. Já tive crises dentro do trabalho e depois que os colegas aprenderam a me ajudar durante estes momentos, ficou mais fácil conviver com a epilepsia e não se sentir isolada por ter a doença”, concluiu Liana.
Sobre a doença
O neurologista Erasmo Barros explica que a epilepsia é uma doença neurológica passível de tratamento que possui controle na maioria dos casos. “A epilepsia tem causa variável e a evolução da doença se dá também de forma variável dependendo da causa. Em até 70% dos diagnósticos, com tratamento medicamentoso ou cirúrgico, as crises param totalmente”, disse.
O médico também explica que há uma diferença entre uma crise convulsiva e a epilepsia. “Nem toda crise convulsiva quer dizer que a pessoa sofre de epilepsia. Em casos isolados, a crise pode ter outra origem. Se houver recorrência, é necessário fazer uma investigação para saber se a pessoa tem epilepsia”, diz.
A neurologista Bianca Oliveira, comenta sobre a diferença entre as crises. "Há dois tipos de crise, as convulsivas, onde o paciente cai e se debate, e as não-convulsivas, onde os pacientes descrevem uma sensação de 'blecaute' ou 'ausência'. A maioria das pessoas tem a tendência a tentar puxar a língua do paciente que está se debatendo, mas não recomendamos fazer isso, pois a pessoa em crise pode involuntariamente acabar mordendo o dedo de quem tenta ajudar e causar uma lesão séria", explica.
Oliveira orienta as pessoas sobre como ajudar alguém que esteja em uma crise convulsiva. "O que deve ser feito é deitar o paciente de lado, para evitar que a pessoa se sufoque com a salivação excessiva e protegê-la para evitar que se machuque, afastando objetos próximos que possam causar lesões no paciente. Uma crise normal dura cerca de 10 minutos. Se passar deste tempo ou se acontecer crises seguidas uma da outra, a pessoa deve ser levada para a emergência, para que sejam feitos exames para identificar as causas da convulsão", completa a médica.
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Fonte: G1-PB
Foto: Toscano/Arquivo Pessoal
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