Cerca de 1 milhão de associados continuam impedidos de receber o dinheiro que investiram
Acusada de ser a maior pirâmide financeira do
País, a Telexfree seguirá bloqueada pela Justiça por tempo
indeterminado. Seus cerca de 1 mihão de associados, assim, continuam
impedidos de receber o dinheiro que investiram no negócio e os vultuosos
lucros prometidos.
Em julgamento terminado há pouco no Acre, a empresa sofreu um novo revés
na tentativa de derrubar a liminar (decisão temporária) que congelou
suas contas e atividades, há 55 dias, a pedido do Ministério Público do
Acre (MP-AC). A decisão desta segunda-feira (12) é a décima derrota da
Telexfree no processo, se contabilizada a liminar.
Os desembargadores Samoel Evangelista, Waldirene Cordeiro e Regina
Ferrari, da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC),
recusaram pela segunda vez um recurso apresentado pela defesa na
tentativa de derrubar o bloqueio.Eles já haviam negado um pedido
anterior em 8 de julho (veja cronologia abaixo). A decisão foi unânime –
ninguém votou a favor da empresa.
Segundo o desembargador Evangelista, os associados (chamados de
divulgadores) da Telexfree lucram sobretudo com o recrutamento de mais
pessoas para o negócio, e não com a venda pacotes de telefonia VoIP ou a
colocação de anúncios na internet, como alega a propaganda da empresa.
Por isso, o esquema é uma pirâmide financeira.
'A lógica apontava para a derrota' - A defesa da Telexfree ainda vai
apresentar novos recursos ao próprio TJ-AC antes de tentar levar o caso
para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), diz Wilson Furtado Roberto,
um dos advogados da empresa. Ele nega irregularidades nos negócios.
“[ A Telexfree ] não é pirâmide. Há só indícios, mas não há prova
nenhuma”, disse Roberto na sexta-feira (9). Para Horst Fuchs, outro
advogado da Telexfree, a nova derrota era previsível uma vez que o caso
da Telexfree não estaria, do seu ponto de vista, sendo tratado de acordo
com as regras jurídicas.
"Não teria como os desembargadores concordarem com uma decisão desse
porte [ a liminar ]. Mas, como [ o caso ] escapa à esfera jurídica, a
lógica apontava para isso [ negativa do recurso ]", diz o advogado ao iG
logo após a decisão.
Fuchs nega que a nova derrota possa colocar em risco o dinheiro devido aos divulgadores.
"O tempo [ de bloqueio ] não modifica em nada a situação deles. [ O
dinheiro da empresa ] está íntegro do mesmo modo como estava em 18 de
junho. A integridade e a solidez é a mesma."
Além da liminar, a Telexfree enfrenta ainda uma ação civil pública
movida pelo MP-AC, em que o órgão pede a extinção da empresa e a
devolução das verbas captadas dos associados, chamados de revendedores.
Os donos da empresa também respodem a dois inquéritos criminais .
A Telexfree informa comercializar pacotes de telefonia VoIP por meio de
marketing multinível– modelo de varejo em que revendedores associados
são premiados por trazer mais revendedores para o negócio.
Para o Ministério Público do Acre (MP-AC), porém, a empresa é uma
pirâmide financeira, pois o faturamento depende sobretudo das taxas de
adesão pagas pelos associados (os divulgadores) e não da venda de
pacotes VoIP.
Com esse argumento, os promotores pediram à Justiça que impedisse a
entrada de novos membros na rede Telexfree, bem como o bloqueio das
contas da empresa e dos sócios Carlos Wanzeler, James Merryl, Carlos
Costa e Lyvia Wanzeler.
A justificativa do MP-AC é garantir que os divulgadores possam receber
de volta o dinheiro investido na empresa, como pedido na ação civil
pública. A liminar foi concedida no dia 18 de junho e, no dia seguinte,
os sócios da empresa tentaram transferir R$ 101 milhões para as contas
de outras duas empresas ligadas ao grupo . O advogado da empresa, Horst
Fuchs, diz que a operação era legal e serviria para pagar fornecedores.
Febre das pirâmides - O caso Telexfree chamou atenção para a existência,
no País, de diversas empresas com negócios semelhantes e igualmente
suspeitos de serem pirâmides financeiras.
Uma força-tarefa nacional, composta de promotores, procuradores da
República e Polícia Federal foi criada para investigar o que o diretor
do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) do Ministério
da Justiça, Amaury Oliva, chama de uma febre de negócios com indícios de
serem pirâmides.
Até o fim de julho, 31 empresas estavam sob investigação . Além da
Telexfree, duas outras sofreram bloqueios judiciais: BBom e a Priples .
Os representantes da BBom negam irregularidades. Os da Priples não
responderam aos contatos feitos à época do bloqueio.
Fonte: IG
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