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Soledade-PB: Organização de agricultoras e agricultores barra implantação de cisternas de plástico no município

O Coletivo Regional das Organizações da Agricultura Familiar do Cariri, Curimataú e Seridó, Patac e Centrac, (Organizações Não Governamentais) da Articulação do Semiárido na Paraíba (ASA- PB) apresentaram um documento à representante do Ministério da Integração Nacional, Eliane Danilau, pela não implantação de cisternas de plástico no município de Soledade. O ato de entrega aconteceu durante uma reunião entre a representante do Governo Federal, administração municipal e a comunidade, no Auditório da Escola Municipal Luiz Gonzaga Burity, em Soledade Paraíba, na manhã desta quarta-feira, 20.


No momento da reunião foi relembrado pelas lideranças, que no dia 24 de maio deste ano, durante uma audiência pública, realizada na Câmara de Vereadores de Soledade, o poder público municipal, mediante a pressão popular, já tinha se comprometido, a sua negativa as cisternas de plástico e se empenhado em buscar parcerias com o Governo do Estado, ou do próprio Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), para a construção das 113 cisternas de placas, que estariam previstas para Soledade, para garantir o acesso das famílias da região ao reservatório. Este posicionamento foi posteriormente endossado pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento local Sustentável, que reafirma a não aceitação das cisternas de plástico no município.

Porém, o compromisso do município com os camponeses estava para ser desfeito mediante a apresentação da implantação das cisternas de plástico – polietileno, que acontecia no dia de hoje, em Soledade.

Houve ainda, durante as reflexões sobre o alto valor das cisternas de polietileno, a não circulação de recursos financeiros no comércio local e o envolvimento das pessoas do lugar nos processos de formação e construção, além dos problemas já preanunciados pela mídia, do ponto de vista de inadequação técnica e possível problema ambiental, causados pelo plástico.

A reflexão também apontou que Soledade foi o berço das cisternas de placas na Paraíba, em 1993, e até hoje, 20 anos depois, não se constata nenhum problema técnico que seja plausível para o abandono desta tecnologia. Foi ainda informado que através do contato feito com o Coordenador do Programa Cisterna da Primeira Água do Governo Federal, se descobriu a existência de um aditivo do convenio 045/12, formalizado dia 31 de novembro do corrente ano com o Governo Estadual, onde Soledade será um dos municípios a ser contemplado com 150 cisternas de placas.

A mobilização popular luta para conseguir barrar as cisternas de polietileno (PVC), que estão previstas para serem construídas no município. As organizações da ASA Paraíba são contrárias à tecnologia em PVC em substituição às cisternas de placas que são implementações que gera renda no próprio município (materiais de construção, pedreiros) e que melhor se adapta a realidade do semiárido (temperatura da água e fácil manutenção). As famílias agricultoras afirmam que, além de funcionar bem, as cisternas de placas trazem oportunidade de trabalho no campo (ao mesmo tempo em que recebe o equipamento, a família ajuda também a construí-lo), o material é comprado na própria comunidade, aquecendo a economia local. Em contraposição as cisternas de PVC são compradas a uma única empresa e das 300 mil cisternas de PVC disponibilizadas, muitas já começaram a ter problemas técnicos, como rachaduras e derretimento devido às altas temperaturas do semiárido. Além disso, enquanto a cisterna de placa de cimento custa R$ 2.200,00, incluindo material de construção e todo processo de mobilização e formação, uma cisterna de polietileno custa aproximadamente R$ 5.000,00, só com equipamento e instalação.

As cisternas de PVC fazem parte do Programa Água para Todos, do Governo Federal, e estão sendo construídas pelo Ministério da Integração Nacional, por meio do DNOCS. Na Paraíba estava prevista a construção de 4.000 cisternas de polietileno em 10 municípios: Araruna, Areial, Belém do Brejo do Cruz, Cacimba de Dentro, Dona Inêz, Igaracy, Quixabá, São Sebastião de Lagoa de Roça, Lagoa e Soledade.

A Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA Brasil) lançou em novembro de 2011 a campanha Cisterna de Plástico/PVC – Somos Contra! em Salvador-BA, durante a IV Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. O objetivo da campanha é alertar a sociedade brasileira sobre o impacto e efeitos negativos da disseminação dessas cisternas para o fortalecimento da estratégia de convivência com o Semiárido, no qual as organizações que fazem a ASA têm investido seus esforços nos últimos anos.

O coordenador do Patac, José Valdir de Sousa, afirma que ‘as cisternas de placas além demais baratas estão no semiárido a mais de trinta anos e é uma tecnologia totalmente adaptadas as condições climáticas, testadas e aprovadas pelas famílias camponesas, enquanto a de polietileno é muito recente e tem demonstrado inadequação, pelo dobro do valor, para a mesma capacidade de água, alteração da temperatura da água armazenada, a não democratização do conhecimento e impedimento de renda local, a cisterna de plástico, segundo o coordenador, é um retrocesso, pois remete aos 1.200 a.c, como um ‘presente de grego’, finalizou.



Fonte: SNN

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