Processo de acumulação de gorduras nas artérias começa na primeira infância. Médico afirma que hábitos saudáveis são fundamentais para evitar infarto e problemas vasculares
A
Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) emite um alerta: 20% das
crianças e adolescentes brasileiros têm colesterol alto. O nível elevado
de gordura no sangue nesta faixa etária pode antecipar em até dez anos eventos cardiovasculares como o infarto.
O diretor de
Promoção de Saúde Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia
Carlos Alberto Machado explica que antes se achava que colesterol alto
era uma doença somente de pessoas idosas, mas esta noção já foi
derrubada.
“Hoje nós sabemos
que os problemas cardiovasculares causados pelo colesterol começam a ser
construídos na primeira infância. O processo aterosclerótico (de
depósito de gorduras nas artérias) começa bem cedo. Existe uma interação
entre os fatores genéticos e ambientais – a pessoa herda o risco de
desenvolver altas taxas de colesterol”, explica Machado. “Mas isso
também depende do estilo de vida, se a pessoa come de forma inadequada”,
ressalta.
Colesterol é essencial: na dose certa
O colesterol é
fundamental para o funcionamento do corpo. Em excesso, porém, pode
causar muito estrago. O processo chamado aterosclerose acontece quando
placas de gordura vão, pouco a pouco, sendo depositadas nas artérias do
corpo todo – ele não atinge apenas no coração.
Quando a
quantidade de gorduras obstrui uma artéria, o problema maior acontece:
se a artéria for do coração, a pessoa sofre um infarto. Se acontecer no
cérebro, é o famigerado AVC(acidente vascular cerebral) que se manifesta.
Todas essas
complicações podem ser adiadas ou até mesmo erradicadas se a criança ou o
adolescente tiver uma alimentação saudável e fizer exercícios físicos.
“Tive colesterol alto com apenas 11 anos”
Gabriel Gifoli, de
20 anos, descobriu que seu colesterol estava bem acima do limite
aceitável quando tinha apenas 11 anos, numa consulta de rotina. A médica
percebeu que ele estava acima do peso ideal e pediu os exames, que
constataram colesterol alto.
“Como eu só tinha
11 anos, não dei muita importância no momento. Mas quando a médica e
minha mãe me explicaram melhor o que poderia causar, como entupimento de
artérias, problemas de coração, e outras coisas, fiquei mais apreensivo
e concordei com elas de que era necessário fazer mudanças,
principalmente na minha alimentação”, conta Gifoli.
A causa da
alteração era por conta da alimentação ruim. “Comia fast food em
excesso, frituras ao menos duas vezes por semana – o pastel com caldo de
cana era sagrado – coisas gordurosas, como sorvete e chocolate. A
recomendação da médica foi simples: cortar as frituras e fast food e
começar a se alimentar melhor, com verduras, legumes, alimentos assados
ao invés dos fritos e evitar refrigerantes. Infelizmente era tudo o que
uma criança geralmente mais gosta”, explica Gifoli.
Na
época, Gifoli já praticava natação, ao menos duas vezes por semana. “Eu
era um pouco relapso com esportes, mas nadava. Sem dúvidas a atividade
física ajudou. Eu acho, porém, que se eu praticasse mais esporte ou fizesse caminhadas, talvez o colesterol tivesse abaixado mais rapidamente”, conta.
Ele seguiu as
recomendações médicas e, quando voltou ao consultório depois de quase um
ano, seus exames estavam normais. “Mas a médica continuou recomendando
que eu mantivesse uma alimentação saudável e continuasse com exercícios
físicos”.
Hoje, aos 20 anos,
ele se cuida. “Ficou na minha cabeça que, se eu voltasse a comer mal
como quando era criança, voltaria a ter problemas de saúde”, conta.
Campanha de combate ao colesterol infantil
A SBC está
promovendo uma campanha de prevenção que busca atingir todas as Unidades
Básicas de Saúde do Brasil, assim como escolas públicas.
“Se não fizermos
as ações para a prevenção agora, teremos uma população de idosos doentes
e com qualidade de vida péssima – e não vai ter sistema de saúde, seja
ele público ou privado, que pague essa conta”, alerta o diretor de
Promoção de Saúde Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia,
Carlos Alberto Machado.
“É
muito mais fácil ensinar uma criança a se alimentar bem do que mudar um
adulto. Em casa em que todo mundo é obeso, a criança provavelmente
também será. Os pais e professores são modelos para essas crianças”, explica o especialista.
fonte: ig
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