A empresa BBom sofreu um novo bloqueio de ativos financeiros nesta segunda-feira, por ter continuado a operar mesmo após o
primeiro bloqueio de bens até ter as suas atividades suspensas
judicialmente. A determinação da Justiça Federal de Goiás atendeu a
pedido do Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO).
— Tomamos esta medida para recuperar o dinheiro que a empresa recebeu de
divulgadores durante o período de uma semana no qual continuou a atuar,
entre as duas liminares que bloquearam os bens da empresa e, depois,
suspenderam as atividades do grupo e o cadastro de novos divulgadores —
explica a procuradora da República em Goiás, Mariane Guimarães Oliveira.
Em meados deste mês, a Justiça Federal de Goiás determinou a suspensão
das atividades do grupo Embrasystem, que atua por meio da empresa de
rastreadores BBom, e bloqueou o cadastro de novos associados. A BBom é
investigada por suspeita de atuar em esquema de pirâmide financeira,
considerado crime no país. A decisão foi da juíza substituta da 4ª Vara
Federal de Goiânia, Luciana Laurenti Gheller, que acatou os pedidos dos
ministérios públicos Federal e Estadual de Goiás. Na semana anterior, a
empresa já tinha tido os bens bloqueados.
A Justiça também determinou, nesta segunda, que as duas supostas
empresas fornecedoras de rastreadores à BBom deverão prestar
esclarecimentos em juízo sobre a capacidade operacional de produção de
rastreadores veiculares; quantos e quais são os clientes para quem
fornecem; quantas unidades foram vendidas para a empresa Embrasystem
durante 2013; e quantos efetivamente foram entregues – detalhando esses
números mês a mês. De acordo com nota divulgada pelo MPF-GO, esta
solicitação tem como objetivo demonstrar que as empresas do grupo não
compravam rastreadores em número suficiente para atender a todos os seus
associados.
Procurada pelo GLOBO, a BBom informou, em nota, que continua tomando as
providências judiciais cabíveis para retirar todo e qualquer impedimento
às suas atividades.
Ação vai pedir suspensão definitiva das atividades da empresa
Na semana que vem, os ministérios públicos Estadual e Federal de Goiás
irão ajuizar uma outra ação, que a procuradora Mariane considera como
principal, na qual pedirão a suspensão definitiva das atividades da
empresa e o rateio, entre os associados, dos bens bloqueados da
pirâmide, que ultrapassam R$ 300 milhões. Na ação, os MPs também pedirão
que a empresa divulgue a relação de divulgadores, estimada pela
procuradora em pelo menos 100 mil pessoas em todo o Brasil.
— O julgamento desta ação pode levar anos. Mas, se julgada procedente,
as pessoas que comprovarem, por meio de documentos como recibo e
contrato, que eram associados à empresa, poderão se beneficiar do rateio
dos bens bloqueados, que serão divididos entre os lesados — explica a
procuradora.
Como funciona a pirâmide
Uma força-tarefa de promotores e procuradores do Ministério Público
Federal e Estaduais de todo o Brasil investiga outras 16 empresas
suspeitas de prática de crime financeiro, além de TelexFree e BBom, que
já tiveram as atividades suspensas e os bens bloqueados pela Justiça. De
acordo com a procuradora Mariane, os nomes das companhias, que atuam em
todo o país, serão preservados até que as investigações sejam
concluídas. A Justiça também investiga indícios que apontam ligação
entre BBom e TelexFree. As duas pirâmides teriam realizado transações
com pessoas em comum, “o que fortalece os indícios da relação de
continuidade entre as empresas”, destaca a procuradoria da República em
Goiás.
No caso da BBom, o produto que supostamente sustentaria o seu negócio é
um rastreador de veículo. Como em outros casos emblemáticos de pirâmide
financeira, isso é apenas uma “isca” para recrutar novos associados. No
sistema adotado pela BBom, os interessados associavam-se mediante o
pagamento de uma taxa de cadastro (R$ 60) e de um valor de adesão que
variava dependendo do plano escolhido (entre R$ 600 e R$ 3 mil), ficando
obrigados a atrair novos associados. Os associados também tinham de
pagar uma taxa mensal obrigatória no valor de R$ 80 pelo prazo de 36
meses. O mecanismo de bonificação aos divulgadores era calculado sobre
as adesões de novos participantes. Quanto mais gente era trazida para a
rede, maior era a premiação prometida.
Fonte: Wscom com O Globo
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