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Analfabetismo atinge 668 mil paraibanos com mais de cinco anos de idade

Dando continuidade à série ‘Educação em Pauta’, o Jornal da Paraíba aborda um problema que afeta 668 mil paraibanos: o analfabetismo. O número corresponde à população com mais de 5 anos de idade no Estado e representa um desafio histórico, que precisa ser encarado com seriedade e urgência pelos gestores públicos e pela sociedade como um todo. O analfabetismo na Paraíba é maior na zona rural, mas também está presente nas principais cidades do Estado, como João Pessoa e Campina Grande. O maior índice de analfabetismo está entre os paraibanos com 60 anos ou mais. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), referentes ao ano de 2012.
Encontrar exemplos desse problema na capital não é tarefa difícil. Em uma comunidade do bairro do Róger, a reportagem conversou com a aposentada Antônia Pedro dos Santos, 69 anos, que nunca frequentou uma sala de aula. O máximo que aprendeu em toda a vida foi assinar o nome, o que faz com muita dificuldade e sob supervisão de uma pessoa alfabetizada.


Antônia não sabe diferenciar letras, nem fazer cálculos simples, como as quatro operações básicas da matemática.


A aposentada disse que na época em que era criança, a família enfrentava dificuldades econômicas e escola nunca foi prioridade em casa. “Meu pai dizia que se eu quisesse aprender, bastava colocar um livro na cabeça”, contou. Aos dez anos de idade ela se viu obrigada a trabalhar na roça e só aprendeu a assinar o nome perto dos 30. Na identidade, a ausência da assinatura denuncia o problema do analfabetismo.
Antônia é mãe de cinco filhos, que também não estudaram, segundo ela.


A história de Maria Francisca de Oliveira é parecida. Ela começou a trabalhar cedo por ordens do pai e também não frequentou a escola, quando morava, ainda criança, no município de Alagoa Grande. O tempo passou, Maria cresceu, casou e veio morar em João Pessoa, mas nunca se alfabetizou.
Nem o nome sabe assinar. A maior alegria de sua vida, conforme ela contou, foi no ano passado, quando uma das netas fez vestibular. Não passou, mas o simples fato da neta tentar uma vaga no ensino superior, já foi motivo de sobra para Maria comemorar.


Com Maria da Penha Francisca da Silva, a história se repete.


Ela contou que estudou até o 5° ano (antiga 4ª série), mas não aprendeu nada, nem mesmo escrever o nome. “Eu ia para a escola para namorar, não gostava de estudar. Hoje eu me arrependo de não ter estudado, mas não posso fazer mais nada, já estou nessa idade”, comentou Penha, que também tem a inscrição ‘analfabeta’ na carteira de identidade. Ela disse que já teve vergonha de não saber ler nem escrever, mas que hoje não tem mais.


A dona de casa Edvânia Vieira, 35 anos, estudou até o 2° ano, e decidiu largar os estudos por conta própria. “Preferia ficar brincando com as amigas”, declarou. Mãe de seis filhos, dos quais três abandonaram a escola antes dos 12 anos, Edvânia disse que só sabe mesmo escrever o nome, mas prefere evitar porque acha a letra feia. “Não sei assinar direito, minha letra é torta, feia”, afirmou.


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Fonte: Valéria Sinésio/Jornal da Paraíba
Foto: Kleide Teixeira

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